quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A fábula da convivência

Diz uma antiga fábula que:
"Durante uma era glacial muito remota, quando parte do globo terrestre esteve coberta por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morrreram, indefesos, por não se adaptarem às condições do clima hostil.

Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, a juntar-se mais e mais. Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente. Aqueciam-se enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebroso.

Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos. Justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte. E afastaram-se, feridos, magoados e sofridos. Dispersaram-se por não suportarem mais tempo os espinhos de seus semelhantes. Doíam muito...

Mas, essa não foi a melhor solução: afastados, separados, logo começaram a morrer congelados. Os que não morreram, voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com precauções e delicadezas, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro. Mínima, mas o suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver sem magoar, sem causar danos recíprocos. Assim, conviveram, resistindo à longa era glacial.
Sobreviveram !!!"

Fábula inspirada na obra de Arthur SCHOPENHAUER (1788-1860).

2 comentários:

  1. Bela analogia... se nós entendessemos isso, viveríamos melhor...

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  2. Parece que estamos vivendo na sombra do evangelho, bem distante dele mesmo. Eu acho se praticarmos este evangelho, os espinhos não nos afetariam. gostei.

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